Isabel Martiliano
Projetos promovem ensino de cultura afro-brasileira nas escolas
A Lei nº 10.639, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nos currículos do ensino fundamental e do ensino médio, completou uma década em 2013. Apesar do tempo, o tema ainda está longe das salas de aulas. De acordo com o Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público, pouco mais de 11% da verba reservada para projetos educacionais que promovam a igualdade racial foi usada em 2012.
Porém, alguns projetos educativos decidiram atuar por conta própria no fomento à cultura afro-brasileira nas escolas. É o caso da Associação Harmonicanto, do Rio de Janeiro (RJ), que criou o projeto Cantar e Contar Clementina – Outra Forma de Aprender, realizado no contraturno das escolas públicas. “Utilizamos a história da cantora e compositora Clementina de Jesus para trabalhar questões históricas, sociais, raciais, de discriminação, de gênero e de resgate da cultura afro-brasileira”, explicou Ellis Amorim, assessora técnica do projeto. O trabalho é feito com 70 crianças de 4 a 12 anos de idade. “O projeto faz com que esses alunos tornem-se cidadãos conscientes de seus direitos, deveres e possibilidades futuras”, contou.
Para Cássia Oliveira, coordenadora executiva da associação, o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas é importante não só para conscientizar os alunos, mas também para elevar a autoestima dos afrodescendentes. “A cultura afro-brasileira, a despeito de sua influência na formação de nosso patrimônio cultural, foi discriminada ao longo da história. Proporcionar a valorização desta cultura na escola é resgatar nossas origens e contribuir para a elevação da autoestima afrodescendente”, disse.
A atividade está dando resultados e, hoje, é possível que as crianças passem a se identificar com a história da cantora. “Dentre outras abordagens, relatamos experiências da infância relacionadas à família de Clementina, comparando-as com a realidade vivida pelas crianças hoje. Ao apresentarmos fotos da artista, os alunos puderam observar seus traços fortes, herança característica de afrodescendentes, como a cor negra, lábios grossos, cabelos crespos. A maioria prontamente conseguiu identificar pontos em comum com as características de Clementina em si mesmos ou na família”, relatou Oliveira.
Quando a criança entra na escola, ela enfrenta o preconceito de forma mais agressiva. E é justamente nesse período que se deve promover a conscientização. Há pesquisas que apontam que o caráter do adulto é formado entre zero e seis anos de idade. Por isso, é no início da vida que a formação deve ser feita. Dessa forma, podemos diminuir o preconceito racial ainda tão presente em nossa sociedade. É necessário promover uma formação melhor entre os educadores. “Nossos professores não foram formados para tratar de questões raciais na escola. Por isso, a SEPIR também trabalha dentro de instituições de ensino superior para formar futuros pedagogos que levem a questão para dentro das escolas”, afirmou Oliveira.
O coordenador de relações estratégicas da ONG Educap, Reginaldo Lima, afirma que trazer as questões étnico-raciais para a escola é, também, aproximar a realidade do aluno do ambiente escolar. “Na escola, não existe um universo que trate diretamente das questões afro-brasileiras. Mas tratar de cultura negra é promover um espaço democrático, que eleve a autoestima do aluno, muitas vezes evadido por não se identificar com a escola”, disse.
Para ele, é extremamente necessário que a questão entre no Projeto Político Pedagógico – PPP das escolas. “Entendo que a escola é um ponto de partida para fomentar a discussão do preconceito. Precisamos privilegiar a discussão, não colocar um indivíduo acima do outro. Essa é uma forma de evoluir. Precisamos tornar as crianças e adolescentes geradores das soluções de seus próprios problemas”, disse. A ONG Educap atua no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, com projetos focados na diminuição da evasão escolar.
por Luana Costa, do Blog Educação
* Publicado originalmente no Blog Educação.
As novas tecnologias tem ultimamente sendo bastante dicriminatorias contra pessoas de cor tambem mas temos um importante aliado nesse sentido já podemos observar os meios de comunicação de massa honrando gente de pele escura com cargos bastante altos em novelas e seriados além de alcançar altos postos da administração federal LIDIO
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